domingo, 5 de junho de 2011
O povo já não tem medo de porrada, e agora?
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Partido de Zapatero sofre derrota histórica
Puerta del Sol permanece tomada por pelo menos mais uma semana
André de Virgiliis
MADRI. O PP (Partido Popular) arrasou o PSOE (Partido Socialista Operário da Espanha) em todo o país nas eleições de ontem. Ainda antes do resultado oficial o primeiro-ministro e socialista José Luis Zapatero veio a público assumir a derrota. Enquanto isso, o 15-M segue até domingo, quando define seu futuro.
Na capital, coração das manifestações, a candidata do PP, Esperanza Aguirre foi reeleita. Na sua primeira fala após conhecer o resultado, a política disse que governará para todos os madrilenos, “especialmente os mais necessitados”. Como se já não fosse uma noite suficientemente boa para ela, seu partido conquistou 51,74%, em Madri. Dessa forma, o PP alcançou a maioria absoluta também no legislativo em eleições que atingiram 67,89% de participação, 1% a mais do que em 2007.
Aguirre ganha parabéns afetuoso de Rajoy, presidente do PP
O PSOE sentiu o golpe. Em todo o país, o partido perdeu 1,5 milhão de votos enquanto o rival cresceu em meio milhão, em comparação às eleições regionais de 2007. Os socialistas perderam algumas de suas áreas tradicionais, como Sevilha e a prefeitura de Barcelona, uma das principais do país, que detinham há 32 anos.
Enquanto o PP levou 10 das 13 comunidades autônomas que tiveram eleições neste domingo, o PSOE não ficou com nenhuma, e depende de um acordo com o IU (Esquerda Unida) para governar Extremadura.
Entre companheiros de partido, Zapatero assumiu a derrota publicamente.
Há quatro anos, o Partido Popular havia batido os socialistas por sete décimos. Em 2011, a diferença passou para mais de 10 pontos de vantagem. Analistas acreditam que o resultado histórico se deva à má gestão do primeiro-ministro, Zapatero, ícone maior do PSOE no país. Em todo a Espanha, 66,23% dos eleitores compareceram às urnas.
Vídeo com cenas de confrontos com a polícia e entrevistas com manifestantes
Enquanto isso, na Puerta del Sol, os manifestantes iniciaram sua segunda semana de protestos em um clima tranquilo, como tem sido. As autoridades estudam tirar as ambulâncias de prontidão no local, devido à ausência de incidentes. Os resultados eleitorais parecem não preocupar muito os revoltosos. “Nem sequer estou seguindo os resultados e dá no mesmo quem ganhe, porque não haverá muita diferença”, comentou um dos indignados. O 15-M continua forte por, pelo menos, mais uma semana.
domingo, 22 de maio de 2011
Tranquilidade marca dia de eleições regionais em Madri
Ao contrário do esperado, participação no processo eleitoral tem aumento
André de Virgiliis
MADRI. A principal praça da capital espanhola permanece tomada pela massa que decidiu não deixar o local na noite de hoje, como previsto. Depois de mais uma assembléia, os manifestantes anunciaram que ficarão na Puerta del Sol, no mínimo, até o próximo domingo, quando definirão o destino do movimento. Enquanto isso, de acordo com pesquisas boca de urna, o PSOE (Partido Socialista) se prepara para uma noite de resultados decepcionantes em todo o país.
Muito se falou durante a semana sobre um movimento de boicote às eleições no país. Não foi o que aconteceu. Entre os TT’s (assuntos mais comentados no Twitter) da Espanha, apareceu hoje a tag “#yovoto” (eu voto), referência à importância de um voto consciente para alcançar uma democracia real, reivindicação chefe dos manifestantes.
Após fechamento das urnas, manifestantes continuam acampados na Puerta del Sol
Na concentração do 15-M, a jornada correu sem incidentes. Debaixo de um forte sol, crianças e adultos se divertiram em mais um dia repleto de atividades lúdicas. Como prometido, não se viu nenhum tipo de referência a partidos e/ou políticos e o movimento não atrapalhou em nada o processo eleitoral.
Vídeo com cenas dos confrontos do último domingo e entrevistas com manifestantes
Dados oficiais mostram que houve um aumento de participação em relação às eleições municipais de 2007. Até agora não se calculou exatamente o índice desse crescimento. As pesquisas boca de urna anunciam uma vitória do PP (Partido Popular) pelo país afora. Até mesmo Barcelona, governada pelos socialistas há 32 anos, deve mudar de mãos.
AO VIVO: Veja o movimento na Puerta del Sol, coração do 15-M
Dia de eleições: acompanhe movimento 15-M, ao vivo
Video streaming by Ustream
sábado, 21 de maio de 2011
15-M tem clima de festa na véspera de eleições
Espanhóis convocam Europa a se unir à causa. EUA e Canadá tiveram protestos neste sábado.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
15-M ganha o mundo
Mídias sociais foram o caminho encontrado pelos revoltosos para conquistar apoio
André de Virgiliis
MADRI. Londres, Paris e Lisboa já apoiavam as manifestações na Espanha desde quarta-feira. Mas ontem o movimento se estendeu a outros países. As convocações foram feitas pelas redes sociais e convidam todos a organizar protestos pacíficos em apoio às reivindicações dos espanhóis.
Itália, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Argentina, Colômbia, Argentina, Escócia, França Suécia, México, Nicarágua, Uruguai, República Checa, Portugal, Camboja, Marrocos, Romênia, Noruega, Polônia, Áustria e até o Brasil são os países com manifestações agendadas até o momento. A maioria dos protestos conta com presença de espanhóis e estrangeiros e acontece entre hoje e amanhã próximo a embaixadas espanholas.
A expansão do movimento ocorreu graças ao sucesso do assunto nas redes sociais. Vídeos, fotos e informações em tempo real inundam os tweets espanhóis, que agoram ganham atenção internacional.
Mais uma das fotos populares nas redes sociais dos manifestantes
A mídia convencional também abordou o tema. Os americanos The Washington Post e The New York Times, os franceses Le Monde e Libération, e o italiano Corriere della Sera publicaram matérias sobre o Movimento dos Indignados. No Brasil, o assunto ainda não ganhou as matérias
No site tomalaplaza.net, é possível acompanhar mais de perto a evolução do 15-M. No grupo Flickr Spanish Revolution, os usuários partilham fotos do acampamento.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
15-M desafia veto oficial
Documento com propostas é produzido por manifestantes que prometem nova ação no dia anterior às eleições
André de Virgiliis
MADRI. A tarde desta quarta-feira trouxe a proibição dos protestos na capital espanhola. A Junta Electoral Provincial de Madrid declarou que o movimento afeta diretamente a campanha dos candidatos regionais. Graças à decisão, até o fim da noite, 500 policiais se concentraram no lugar. Mas era impossível conter um número tão grande de pessoas e, às 21h, a principal praça da cidade estava completamente lotada. Indiferentes à decisão, o Movimento dos Indignados, como passou a ser chamado, declarou que haverá uma grande caminhada no sábado, véspera das eleições.
Ontem, também, foram distribuídas folhas em branco nas quais os manifestantes deveriam listar reivindicações e propostas. As ideias serão traduzidas em um documento que deverá incluir reforma na lei eleitoral, bloqueio da candidatura de políticos com condenação na justiça e uma revisão no financiamento dos partidos.
Jóvens sofrem com o frio e a chuva, mas permanecem firmes na Puerta del Sol
A lei espanhola exige uma comunicação com antecedência de 10 dias para a realização de manifestações, salvo em caráter de urgência, quando o prazo é reduzido para 24h. Além disso, qualquer ato de caráter reivindicativo é proibido na véspera das eleições, dia reflexivo. Os revoltosos, no entanto, acreditam que quem precisa de um tempo para refletir são os próprios políticos e a caminhada de sábado promete ser o maior dos eventos desde o início do 15-M, no último domingo.
Sob chuva e frio, um porta-voz do grupo declarou que os concentrados não se identificam com a decisão da Junta Electoral. Segundo ele, a legalidade da manifestação é garantida pelo artigo 21 da Constituição, que diz “Se reconhece o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito não necessitará autorização prévia”.
A polêmica que envolve o 15-M cresceu com a recente declaração de César Vidal, jornalista e escritor espanhol. Depois de caracterizar a manifestação popular como “suspeitosa”, em seu programa de rádio, ele descreveu os indignados como “o mais baixo da esquerda espanhola”. Para terminar, chegou a relacionar os participantes do movimento a grupos terroristas, como o ETA.