quinta-feira, 19 de maio de 2011

15-M desafia veto oficial

Documento com propostas é produzido por manifestantes que prometem nova ação no dia anterior às eleições

André de Virgiliis

MADRI. A tarde desta quarta-feira trouxe a proibição dos protestos na capital espanhola. A Junta Electoral Provincial de Madrid declarou que o movimento afeta diretamente a campanha dos candidatos regionais. Graças à decisão, até o fim da noite, 500 policiais se concentraram no lugar. Mas era impossível conter um número tão grande de pessoas e, às 21h, a principal praça da cidade estava completamente lotada. Indiferentes à decisão, o Movimento dos Indignados, como passou a ser chamado, declarou que haverá uma grande caminhada no sábado, véspera das eleições.

Ontem, também, foram distribuídas folhas em branco nas quais os manifestantes deveriam listar reivindicações e propostas. As ideias serão traduzidas em um documento que deverá incluir reforma na lei eleitoral, bloqueio da candidatura de políticos com condenação na justiça e uma revisão no financiamento dos partidos.


Jóvens sofrem com o frio e a chuva, mas permanecem firmes na Puerta del Sol

A lei espanhola exige uma comunicação com antecedência de 10 dias para a realização de manifestações, salvo em caráter de urgência, quando o prazo é reduzido para 24h. Além disso, qualquer ato de caráter reivindicativo é proibido na véspera das eleições, dia reflexivo. Os revoltosos, no entanto, acreditam que quem precisa de um tempo para refletir são os próprios políticos e a caminhada de sábado promete ser o maior dos eventos desde o início do 15-M, no último domingo.

Sob chuva e frio, um porta-voz do grupo declarou que os concentrados não se identificam com a decisão da Junta Electoral. Segundo ele, a legalidade da manifestação é garantida pelo artigo 21 da Constituição, que diz “Se reconhece o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito não necessitará autorização prévia”.

A polêmica que envolve o 15-M cresceu com a recente declaração de César Vidal, jornalista e escritor espanhol. Depois de caracterizar a manifestação popular como “suspeitosa”, em seu programa de rádio, ele descreveu os indignados como “o mais baixo da esquerda espanhola”. Para terminar, chegou a relacionar os participantes do movimento a grupos terroristas, como o ETA.

Um comentário:

Unknown disse...

É uma pena que o diálogo esteja tão difícil. Vamos torcer para que tudo acabe bem e rápido.
André, parabéns pela bela cobertura.
Bjs

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