Policia não interfere e acampamento não tem data pra ser removido
André de Virgiliis
MADRI. O movimento 15-M voltou a afirmar sua força ao desafiar a proibição oficial de manifestações no dia reflexivo. O veto serviu, sim, para animar os espanhóis que lotaram mais do que nunca a Puerta del Sol e fizeram do sábado o grande dia de protestos até o momento, com 24 mil presentes.
À meia-noite de ontem, a multidão se calou e o silêncio dominou um dos locais mais agitados da cidade. Os manifestantes ergueram os braços e os sacudiram em uma espécie de “grito mudo”. A intenção foi mostrar aos políticos que o movimento não pretende influir nas eleições, apenas difundir suas reivindicações.
O dia foi marcado pela tranquilidade e por atividades lúdicas que mantiveram o clima descontraído no acampamento. Um passeio reflexivo até uma praça próxima, teatro, a criação de uma horta em um jardim da praça, shows, oficinas circenses e outras atividades animaram a jornada que correu em um verdadeiro clima de festa. O serviço de limpeza pública de Madri informou que a praça ocupada estava três vezes mais limpa do que em um dia normal.
Espanhóis convocam Europa a se unir à causa. EUA e Canadá tiveram protestos neste sábado.
A legislação espanhola impede que se dissolva uma manifestação, caso não haja incidentes de violência ou ações diretamente ligadas ao processo eleitoral. Na mesma linha, a Convenção Europeia de Direitos Humanos atesta que uma manifestação pacífica nunca deve ser dissolvida, mesmo que não conte com autorização oficial. Assim, a polícia foi instruída a não intervir, salvo em casos de violência. Segundo o governo, é a melhor medida para evitar um problema maior.
Em Madri e na Espanha como um todo, o 15-M segue crescendo em número, organização e infraestrutura. Os revoltosos já se definem como uma “Cidade-Estado com vocação de permanência, disposta a sobreviver além do 22 de maio (dia das eleições regionais no país)”, segundo um de seus porta-vozes.
@andrestv
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